CUIDADO COM AS PESQUISAS ELEITORAIS
As pesquisas eleitorais têm por finalidade investigar a realidade e informar os eleitores acerca da intenção de votos, orientando-os em suas decisões.
Diferentemente do que imaginam muitas pessoas, não é necessário um grande número de entrevistas para que tenhamos um perfil com um grau de certeza razoável. A pesquisa deve trabalhar com amostras onde todos os grupos sociais e áreas geopolíticas estejam representadas, caso contrário ocasionará um erro sistemático que distorcerá os resultados.
Os dois métodos mais usados para a pesquisa são a pesquisa quantitativa e a qualitativa. A primeira busca o máximo de informações, mas sem muito aprofundamento. A segunda faz uma profunda busca das motivações que levam a pessoa a tomar a decisão de votar em determinado candidato.
Acontece que sob a cobertura de um trabalho científico muitas pesquisas, feitas de forma tendenciosa e sem nenhum rigor técnico, têm sido usadas para confundir o eleitorado, visando à manipulação de votos.
Se você não quiser ser enganado pelas pesquisas eleitorais nas próximas eleições, é recomendável tomar os seguintes cuidados básicos:
No caso de eleições municipais, a amostra eleitoral deve ser feita de forma que todos os grupos sociais dos diversos bairros da cidade estejam representados.
Dependendo da urgência com que foi encomendada a pesquisa, entre a coleta dos dados e a sua divulgação pode transcorrer de um a dez dias. Dependendo do que acontecer neste período – a veiculação de uma denúncia contundente, por exemplo – o resultado pode estar desatualizado quando publicado, devendo ser relativizado.
Além do risco de perguntas enviezadas, as respostas de intenção de voto espontâneas serão muito diferentes – e, portanto, incomparáveis das respostas estimuladas por listas de candidatos. Portanto, atente para as perguntas ambíguas ou mal formuladas.
Tanto a qualidade técnica de um levantamento como o compromisso com a verdade dos profissionais nele envolvidos precisam ser comprovados, haja vista que qualquer pessoa ou grupo tem o direito de fazer e divulgar pesquisas eleitorais. Além disso, é bom conferir quais são os vínculos de interesse entre quem fez e quem pediu a pesquisa e qual dos dois a está divulgando. Uma pesquisa eleitoral encomendada por um candidato só será divulgada se for do seu interesse, merecendo por isto ser lida com dupla precaução.
Esta é a única forma de não ser induzido a acreditar em informações distorcidas e evitar comprar gato por lebre.
A melhor maneira de controlar o mau uso das prévias eleitorais não é proibindo a divulgação, mas garantindo a sua multiplicidade. A proibição apenas agravaria o desnível de informação entre os eleitores e os candidatos, que seguiriam encomendando seus próprios levanta-mentos. Cabe ao eleitor esclarecido comparar estas pesquisas e tirar suas próprias conclusões.
Por Osman Neves de Albuquerque
Osman Neves de Albuquerque é autor dos livros Um Ensaio sobre Espiritismo e Política (1998), O Poder do Voto e da Participação (2000) e Uma Lição de Ética numa Campanha Política (2002), além de vários artigos sócio-políticos.
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