O presidente da câmara, Dimas Dantas, após ser citado no Jornal Nacional da Rede Globo pelo episodio em que tomou o cartão vermelho das mãos de um juiz de futebol, foi entrevistado pelo site Futebol Interior (http://www.futebolinterior.com.br/) e falou sobre o que ocorreu no já distante ano de 1986 e revelou um pouco da sua vida.
O site ainda destaca o papel de Santa Cruz do Capibaribe no cenário econômico do estado.
Confira com exclusividade a matéria veiculada do Futebol Interior.
Exclusivo: Ex-jogador revela como expulsou juiz em 1986
Campinas, SP, 6 (AFI) – Até o Jornal Nacional deu destaque, nesta quinta-feira à noite, ao lance inusitado ocorrido quarta-feira em que o zagueiro André Luis, do Botafogo-RJ, pegou o cartão amarelo do juiz no duelo entre Botafogo e Estudiantes, da Argentina, pela Copa Sul-americana. Mas o interior paulista já teve seu “peitudo” e que fez história.
É Dimas (foto), volante do XV de Jaú, que foi mais arrojado em 1986 ao mostrar o cartão vermelho para o juiz Antonio Carlos Saraiva, já falecido. Bem articulado ao usar as palavras, o agora político Dimas falou com exclusividade ao Portal Futebol Interior, nesta noite, depois de presidir uma sessão na câmara municipal de Santa Cruz do Capibaribe-PE.
“Na verdade fiz aquilo como um protesto de uma arbitragem que estava a serviço do poderoso (no caso o Corinthians)", conta Dimas, que antes tinha passado dois anos jogando no Santos e “sabia como o tratamento era diferente para os grandes. Na época, aconteciam muitas injustiças entre os grandes e pequenos”.
Juiz ladrão e burro
Ainda sobre o lance, especificamente, Dimas reconhece que tinha o temperamento forte, mas que não se conformou com tanto injustiça num só jogo. E o juiz estava ainda prestes a cometer um erro craso, ao expulsar um jogador errado. O meia Níveo tinha cometido uma falta violenta e o juiz acabou expulsando Vanzela.
”Não tive dúvida e fui logo em cima dele dizendo:Você é tão burro e ladrão que não sabe nem expulsar o jogador certo.”.
E garante que não fez aquilo para fazer graça ou aparecer:
”Não foi algo engraçado, mas uma reação de revolta. Tanto que até a torcida do Corinthians começou a aplaudir o meu ato”, concluiu.
Repercussão na Imprensa
O fato inédito, naturalmente, chamou a atenção da Imprensa. Aquele final de semana tinha sido muito ruim para a arbitragem paulista, com outros jogos confusos, onde sempre os grandes eram favorecidos. Na época, o então apresentador da Rede Globo, Fernando Vanucci, tinha acabado de mostrar os erros dos juízes e lascou um comentário:
“Pensando bem, o Dimas tinha razão em fazer o que fez”.
Dimas lembra também que o narrador Osmar Santos colocou ao vivo na Rádio Globo os dois personagens da história.
”O Saraiva disse que eu era desequilibrado, mas eu respondi à altura e disse que desequilibrado era ele de fazer tanta bobagem em campo. No final, ele (Saraiva) até aceitou minhas explicações e me deu razão”, conta.
E diz que sempre ouviu dizer que "o Saraiva logo encerrou a carreira, porque onde ele ia era gozado por ter sido expulso".
Dimas acha que o fato não mudou sua carreira, porém “revelou a minha personalidade”.
A carreira
O garoto alagoano com 15 anos já defendia o ASA, de Arapiraca. Aos 16 anos estava no Náutico, onde sua carreira deslanchou. Aos 20 anos estava no Santos, onde ficou por dois anos. Depois passou por outros clubes como o Taubaté-SP (na época na Primeira Divisão), Comercial, do Mato Grosso, Figueirense-SC e XV de Jaú.
E foi no próprio XV de Jaú que ele encerrou a carreira precocemente, com apenas 27 anos, em 1988.
”Aos 20 anos eu imaginava chegar à Seleção Brasileira com 25 anos. Não consegui. Quando passei pelo Figueirense, quase fui jogar no São Paulo, indicado pelo técnico Cilinho, com quem eu tinha trabalhado em Jaú. O negócio não deu certo. Depois disso, percebi que não teria maiores chances profissionais e resolvi encerrar a carreira”, explica sua decisão.
”Eu sabia que o futebol é um período muito curto para se fazer a vida, ainda mais na década de 80, naquele período inflacionário. Achei que dali só iria para baixo e teria que me sujeitar a muitas aventuras, porque o futebol é festa hoje e um drama amanhã”, completa.
Assim, Dimas pendurou as chuteiras e voltou a estudar. Se formou em Direito pela Faculdade Estadual de Campina Grande-PB.
Longe do futebol
Dimas revela ainda que depois que abandonou a profissão, pouco se relacionou com os antigos “amigos da bola”, preferindo “seguir minha vida, mais pacata, com a família, com meu dia-a-dia”. E deixa claro que sua decisão foi bem pensada:
”O futebol não me deixou. Foi eu quem deixou ele...” diz feliz, certo de que tomou a medida mais correta e que jamais se sentiu “frustrado” como muitos ex-jogadores que “param de jogar bola e vivem de passado”.
Das boas lembranças do futebol, Dimas cita dois técnicos de Campinas: Zé Duarte e Cilinho (foto). O primeiro era um “paizão” e o segundo, na opinião dele, “o melhor técnico que conhecei no mundo da bola. Ele era avançado para a época, porque fazia palestras, usava a psicologia e ensinava os jogadores a se comportarem em campo e fora dele. O Cilinho, com certeza, não só me influenciou profissionalmente como na minha vida pessoal".
O que aconteceu em 1986
No dia 10 de julho de 1986, no estádio do Pacaembu, em São Paulo, jogavam Corinthians e XV de Jaú, até então um jogo normal, não fosse a atitude do volante Dimas do XV, que aos 25 minutos do segundo tempo, inconformado com a atuação do árbitro, fez o que todos nós pelo menos uma vez já tivemos muita vontade de fazer.
O árbitro Antonio Carlos Saraiva, estava prestes a expulsar o segundo jogador do XV na partida, mas quando ele exibiu orgulhoso o seu cartão, Dimas o pegou de sua mão, e literalmente expulsou o árbitro de campo. Depois de feito isso, Dimas é quem foi expulso. O jogo terminou 1 a 0. Dimas pegou depois dois jogos de suspensão, mas por sua expulsão, uma vez que na época não havia punição para tal ato de indisciplina.
Agora é homem da lei
Aos 47 anos (15/01/1961), formado em direito, Dimas agora é um vereador, portanto, um homem que faz leis. Há três mandatos, desde 1997, Dimas é vereador em Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste de Pernambuco.
Atual presidente da câmara municipal, nas últimas eleições, ele foi o terceiro candidato mais votado, com 2912 votos, pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Ficou apenas atrás de Deomedes (3.385) e Zezin Buxin (3.336). Dimas, pretende dar apoio ao prefeito Toinho do Pará, também do PTB, que conseguiu 21.500 votos.
Casado, pai de três filhos, Dimas tem ainda um comércio de confecção na cidade, onde, segundo ele “80 dos 100 mil habitantes vivem da confecção”.
A Capital da Confecções
Dimas vive na cidade de Santa Cruz do Capibaribe, de quase 100 mil habitantes, a terceira maior cidade do agreste pernambucano, atrás apenas de Caruaru e Garanhuns. Além de ser uma cidade pólo é a maior produtora de confecções de Pernambuco segundo o Senai e, possuí o maior parque de confecções da América Latina em sua categoria, o Moda Center Santa Cruz.
É também conhecida como a Capital da Sulanca ou Capital das Confecções. Santa Cruz do Capibaribe é o principal ponto de escoação e vendas de confecções de Pernambuco, que com Toritama e Caruaru formam o destacado Triângulo das Confecções.