A manifestação de policiais civis em São Paulo, contida por policiais militares para evitar a invasão do Palácio dos Bandeirantes, na tarde desta quinta-feira, provocou momentos de tensão nos governos estadual e municipal. Além da tarefa maior de manter a ordem, como manda a lei, havia uma preocupação adicional: evitar um confronto entre as duas polícias e que isso pudesse provocar repercussões políticas na campanha eleitoral. O candidato apoiado por Serra, o prefeito Gilberto Kassab, está na frente na disputa com Marta Suplicy, do PT.
Alguns lembraram o fato ocorrido há 20 anos, em Volta Redonda (RJ). Em 1988, uma greve de operários da CSN, num confronto com policiais do Exército, resultou na morte de três operários. O fato, ocorrido na última semana da campanha eleitoral, provocou uma reviravolta na eleição municipal, quando foi eleita Luiza Erundina (PT) - a primeira petista a governar São Paulo.
Na prefeitura e no governo de São Paulo, houve a interpretação de que por interesse político, aliados do PT estariam estimulando a radicalização do movimento, numa tentativa de politizar uma manifestação que nasceu por reivindicação salarial. O PT, no entanto, nega. O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), por exemplo, diz que os policiais de São Paulo são “mal tratados pelo governo estadual” e ganham menos do que os colegas de Sergipe.
Embora a situação tenha acalmado no começo da noite, o governador José Serra decidiu ficar no comando da operação do governo de São Paulo e eventual negociação com os comandantes das polícias. Ele cancelou a viagem que faria à Paraíba para participar de eventos da campanha eleitoral.