Em seis estados, mulheres que já têm experiência nas urnas encabeçaram a lista dos mais votados para a Câmara dos Deputados. Elas dão crédito de suas conquistas para suas trajetórias políticas - nenhuma será estreante no Congresso - e também para seus conjunto de propostas. Entre as campeãs de votos, há também quem apresente para o eleitor o peso de um sobrenome já conhecido na política local.
A deputada Ana Arraes (PSB-Pernambuco), mãe do governador reeleito no estado, Eduardo Campos (PSB), e filha do ex-governador Miguel Arraes, admite que já esperava o bom resultado nas urnas. “Esperava que ia crescer. O povo dava sinais”, disse Ana. De acordo com a deputada, a grande votação de Campos, eleito com 82,83% dos votos, contribuiu para que toda a base aliada fosse bem votada. “Foi um governo aceito e elogiado”, disse.
Para aumentar a representação feminina na Câmara, que hoje não chega a 10% dos 513 deputados, Ana afirmou que as mulheres precisam se dispor à vida pública. “As mulheres precisam compreender a importância da vida política”, disse. Ana preferiu não dizer quanto gastou na campanha eleitoral.
A deputada Dona Íris (PMDB) é casada há 42 anos com o candidato ao governo do estado, Iris Rezende, que foi para o segundo turno com 36,37% dos votos contra 46,32% de Marconi Perillo, do PSDB. Íris já presidiu o PMDB nacional e estadual. Segundo a deputada, os gastos com a campanha foram de R$ 1,8 milhão, mas ela não considera a campanha rica. “Foi uma campanha nos parâmetros normais, não foi rica, foi criativa”, disse ela em entrevista ao G1.
A deputada disse defender uma reforma polícia para que se evite que personagens como Tiririca sejam eleitos. “Ele se apresentou como um personagem. Vai se apresentar assim na Câmara? Quanto menos artifícios tiver melhor”, afirmou.
A deputada Fátima Bezerra (PT-RN) celebrou a reeleição como reconhecimento de sua atuação na Câmara. Ela comemora o fato de ter ajudado a levar 13 escolas técnicas e uma universidade, a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), para o Rio Grande do Norte. “Antes, tínhamos apenas duas escolas técnicas”, afirmou. A deputada disse que atuará na promoção da reforma política. “É preciso haver financiamento público das campanhas. Está ficando insustentável enfrentar as campanhas políticas de hoje”, disse.
Com seus mais de 200 mil votos, a deputada puxou outra candidata pelo PSB à reeleição no estado, Sandra Rosado. Fátima disse que gastou cerca de R$ 400 mil na campanha.
Teresa Jucá, eleita deputada federal por Roraima, diz que o fato de ser ex-mulher do senador reeleito Romero Jucá não influenciou sua vitória. “Acho até desagradável uma comparação assim. Fui prefeita por dez anos, e agora volto com uma eleição consagrada. Não tem nada a ver uma coisa com a outra”, conta. “Nós somos do mesmo lado político e nos respeitamos muito. Assim como apoiei outros candidatos, ele me apoiou também. Mas o mérito é meu, é um reconhecimento justo”.
“Fiz uma campanha muito baseada no trabalho que já fiz como prefeita durante muitos anos. [Ter sido eleita] foi um reconhecimento desse trabalho”, disse, em entrevista ao G1. Ela disse que continuará apoiando José de Anchieta Junior (PSDB) no segundo turno para governador do estado. Teresa disse que pretende focar suas ações como deputada na questão da violência juvenil. “Me identifico muito com isso, é uma coisa que sei fazer. Quero me dedicar a essa área”, contou.
Marinha Raupp foi eleita deputada federal de Rondônia com 15,58% (100.522) dos votos válidos. Ela não sabe informar qual foi o gasto total de sua campanha, mas avalia que o resultado “não foi fruto” de sua campanha e sim de seu trabalho. No segundo turno para eleger o governador do estado, ela apoiará o candidato de seu partido, Confúcio Moura, que conseguiu 44 % dos votos válidos no domingo (3), contra o candidato do PPS, João Cahulla, que teve 37,12%.
Entre seus principais projetos, está a promoção do desenvolvimento sustentável na região. Para ela, a participação das mulheres na política é bem vista no seu estado. “Aqui no meu estado, na Amazônia em si, as mulheres são altamente respeitadas na participação política. Nós temos essa sensibilidade ao ver uma região como a nossa em construção”, conta.
Pela segunda vez consecutiva a candidata mais votada entre as mulheres no Brasil, a deputada e jornalista Manuela D’Ávilla (PCdoB-RS) obteve 482.590 votos (8,72% dos votos válido no RS), sendo também pela segunda vez consecutiva, entre candidatos homens e mulheres, a parlamentar mais votada no RS -- em 2006, obteve 271.939 votos.
Para Manuela, a conquista é fruto do trabalho que vem desenvolvendo desde o início de sua carreira política. “Me sinto responsabilizada. O voto é uma forma de as pessoas demonstrarem crença no seu trabalho. Isso faz eu aumentar minha responsabilidade e responder com resultados”, disse.
Fonte: G1