A frase da conhecida composição do poeta Aciolly Neto é a mais apropriada para definir o atual momento político vivido no Brasil. A onda de protestos desencadeada pela juventude na última semana pode provocar sérias mudanças, mas, a julgar pela falta de objetividade e organização, além da infiltração de elementos fascistas no movimento, pode ficar apenas na memória.
A juventude saiu do limbo e foi às ruas para protestar contra tudo e todos os políticos. A exemplo das manifestações ocorridas na França em 1968, surgiram do nada para exigir uma mudança de costumes e a construção de um novo país. Querem mais investimentos em infraestrutura, saúde, educação, segurança, entre outras questões, mas o ponto principal é a luta contra a corrupção.
Para atingir esses objetivos, os manifestantes apontam basicamente dois caminhos: alguns defendem uma profunda reforma política, que alteraria a forma como os partidos atuam, e outra parte defende simplesmente o fim dos partidos políticos.
“O povo unido não precisa de partido” é uma bela frase para faixas de protesto, porém, qualquer transformação estrutural passaria necessariamente pelos organismos de poder. O que pode, e deve mudar, é a forma como os partidos atuam, existem hoje trinta agremiações em atividade no Brasil e a imensa maioria são instrumentos de manobra para políticos de carreira.
A estrutura dos partidos políticos e as suas relações com os governos e a sociedade ainda é baseada no clientelismo. As casas legislativas, em todas as suas esferas, funcionam de forma a favorecer interesses corporativos e não os de toda a sociedade.
Quem vai convencer um deputado ou senador evangélico de que a sua atuação parlamentar não deve ser pautada na luta pela expansão de suas congregações ou na defesa de idéias religiosas que eles consideram verdades absolutas? Da mesma forma, quem convenceria um vereador a não mais oferecer vantagens pessoais em troca de votos? É assim que funciona, e só vai mudar quando houver uma mudança profunda na legislação.
A votação da desejada reforma política se arrasta no Congresso, sem que nenhum parlamentar tenha coragem de dar o primeiro passo nas discussões. A tarefa não é e não será fácil, mas as perspectivas mudaram com os últimos acontecimentos. Que esse jovens tenham a mesma garra para se filiarem aos partidos que considerem os menos ruins e tentem mudá-los.
Santa Cruz também foi pra rua
Santa Cruz do Capibaribe teve a sua versão do #vemprarua. Cerca de duas mil pessoas fizeram uma passeata pelas ruas da cidade exibindo cartazes com as mais variadas reivindicações. Uma surpresa para os que não acreditaram que aqui poderia acontecer um evento político apartidário.
Como esperado, os políticos não apareceram. Mas enviaram assessores, que observavam atônitos as movimentações, talvez tentando encontrar desesperadamente uma camisa azul ou vermelha no meio da multidão, o que não aconteceu.
Como disse no início do texto, tudo pode acontecer, inclusive nada, porém, os políticos de Santa Cruz do Capibaribe poderiam aproveitar esse momento para se anteciparem e repensarem seus métodos. Os manifestantes de hoje serão os políticos de amanhã, não tenham dúvida.
A utopia da autogestão não se sustenta, eles irão precisar dos partidos e, certamente, não serão os que estão em atividade. Aí sim, os caciques Taboquinhas e Bocas Pretas terão muito trabalho pela frente.
Por Romero Ferreira
romeroferreira@hotmail.com
O grande amigo e jornalista Romero Ferreira, a partir de agora faz parte da equipe do novo Blog Opinião.
Com seu jeito ímpar em suas escritas o nobre jornalista abordará temas relevantes das mais diversas categorias incluindo é claro a Política.
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