Pior do que está não fica
Na reforma política em discussão no Congresso, o sistema distritão, pelo qual seriam eleitos deputados federais e estaduais, além dos vereadores mais votados, ganhou a simpatia dos que integram a comissão especial, tanto da Câmara quanto do Senado.
Na prática, o modelo se configura numa eleição majoritária, porque acaba a eleição proporcional, em que prevalece o quociente eleitoral, que leva em conta o número de eleitos por legenda e não apenas a votação individual do candidato. Mas a alegria de muitos pode durar pouco. Infelizmente, já começaram a surgir os detonadores da ideia.
Em seminário sobre os desafios do Legislativo, ontem, na Câmara, professores e especialistas convidados afirmaram que o distritão é um retrocesso democrático, porque enfraquece os partidos e cria o hiperindividualismo na representação popular, com a eleição dos que têm mais recursos financeiros ou de personalidades.
Atualmente, este tipo de eleição para parlamento só é adotado em quatro países do mundo – Afeganistão, Jordânia, Vanuatu e Ilhas Pitcairn, no pacífico sul. No Brasil, ganhou a simpatia dos principais partidos.
Se não é o ideal, como alertam especialistas ouvidos pelo Congresso, pior do que está, lembrando Tiririca, certamente não ficará. Hoje, o sistema é injusto, elege que não tem votos e instrumentaliza a picaretagem via legendas de aluguel.
ABERRAÇÃO– As últimas eleições proporcionais no Brasil são exemplos de que o modelo atual se exauriu. Candidatos a federal que tiveram acima de 70 mil votos, por exemplo, perderam o mandato para quem obteve pouco mais de 30 mil votos, por causa do coeficiente eleitoral. No Recife, em 2008, o vereador Liberato Costa Júnior (PMDB) teve mais de oito mil votos, mas não levou, enquanto legendas nanicas elegeram vereadores com menos de dois mil votos. Um absurdo!
Coluna de hoje na Folha |
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