Devido a sua localização no semi-árido pernambucano, as chuvas irregulares e escassas, fizeram com que a agricultura não se tornasse a principal atividade econômica, forçando a população a buscar outros meios para sua sobrevivência. Um exemplo foi o desenvolvimento do comércio através da sua tradicional feira livre, que surgiu no inicio do século XX, impulsionando a comercialização dos mais diversos produtos, que, muitas vezes eram trocados em forma de escambo. É possível ainda citar as pequenas lojas, e a fabricação de alparcatas, atividade que logo foi substituída na década de 40 pela confecção de roupas, que deu grande respaldo econômico para a cidade. Contudo venho destacar a antiga feira livre, ou a chamada feira de Mangais. Como abordo no titulo “Santa Cruz aos poucos apaga sua história”.
Ao falar da Feira de Mangais, tenho como recordação meus 11 anos e o meu primeiro emprego, ajudando em um banco de feira o Sr. Val vendendo de tomate a batata-doce, da pimenta a famosa Buga. A feira tinha como extensão quase toda Av. Pe Zuzinha, extensão tamanha que a distância para feira de passarinho era curtíssima, a feira do troca era uma atração a parte, a mistura das frutas e verduras fresca fazia com que a feira tivesse um aroma especial. Lembro da badalada do sino para a missa dos feirantes e fregueses que lotava a Matriz. Lembro do homem do balaio que vendia espelho pente e cordel, lembro ainda do homem que vendia um frasquinho milagroso que sarava da unha encravada a caspa na cabeça e ao seu lado tinha um caixote onde havia uma cobra que poucos ousavam aproximar-se, lembro do ceguinho que cantava em busca de alguns trocados, lembro da relação respeitosa de compadre e comadre entre feirantes e fregueses.
Hoje tenho 26 anos não sou mais um pequeno feirante, mas sou um anônimo freguês que toda segunda vou pelo menos comprar a goma para fazer tapioca, onde nas minhas lembranças quase não reconheço a feira de 15 anos atrás e fico imaginando os mais velhos que recordações têm da mesma.
A feira de Mangais é a nossa feira mãe, a mesma tem um valor histórico e cultural para nossa cidade. Foi dela que nosso município respirou seu primeiro comercio, fazendo crescer a pequena vila, incomodando Taquaritinga, Surubim, Limoeiro e tantas outras, foi na mesma que as primeiras peças de sulanca foram comercializada, surgindo após outra feira tão famosa atualmente.
Os grandes mercados e mercadinho com seus produtos conservados para esconder a validade dos p´rodutos que pouco cheiram e as vantagens do cartão e do cheque vêm derrubando a feira de Mangais, a mesma não ocupa nem mesmo metade da avenida, a missa da segunda não consegue levar mais 20 pessoas. Mas não são apenas os mercados que vem derrubando a feira é necessário uma atenção maior do poder público com a feira uma melhor organização para melhor comodidade, um dia que não venha competir com a feira da sulanca. É necessária uma política patrimonial e cultural com a feira, eventos culturais com artistas da terra dando um maior atrativo para mesma. Não temos uma feira tão famosa como à de Caruaru ou de Campina Grande, mas para nós é tão importante quanto.
Do Professor de história e anônimo dessa terra, Romenyck Stiffen
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