Paciente que dava sinais de estar num franco processo de falência respiratória, o Democratas renovou o fôlego com a conquista das prefeituras de Aracaju (SE) e Salvador (BA) nas eleições de outubro. No entanto, a reação ainda não dá ao partido condições de traçar planos e tomar decisões em relação ao futuro. Como um corpo que ainda convalesce, a legenda precisa se dar um tempo. E aproveita esta fase em que recupera forças para refletir, observar, exercitar a paciência. A discussão relacionada, por exemplo, à possível fusão com PSDB ou PMDB – situação cogitada ao longo da campanha – entra em banho-maria. O mesmo ocorre em relação à aproximação do partido, em Pernambuco, com o PSB. O assunto foi especulado meses atrás. Segundo informações que correram nos bastidores, o presidente estadual do DEM, deputado federal Mendonça Filho, teria chegado a conversar com o governador Eduardo Campos. O diálogo teria sido construído a partir de acertos relacionados à campanha deste ano – o parlamentar concorreu, sem sucesso, à Prefeitura do Recife.
Mendonça frisa que tudo continua como antes. Ele e o partido, diz, permanecem na oposição no planos federal e estadual. E acrescenta que é difícil prever agora quais serão os desdobramentos dos bons ventos que sopram a partir de Sergipe e da Bahia. “Precisamos saber como tudo vai se configurar. Não vou me reposicionar em função do que ocorreu em 2012. Temos que olhar para o futuro”, disse. “Não se sabe como o PT vai se portar em Pernambuco e no Brasil em relação ao PSB por exemplo. Vai romper?”, indagou.
É esta incógnita sobre a rearrumação de forças que impõe ao partido “abrir a cabeça e ter calma”. A partir da reconfiguração futura é que o DEM vai se posicionar. “Reduzimos o nosso tamanho, mas dentro do quadro de fracionamento dos partidos podemos relativizar nossa importância. O tamanho não é ideal, mas temos duas capitais e isso é relevante. O que tem mais, tem cinco (o PSB)”, destaca.
Também deputado federal pelo DEM pernambucano, Augusto Coutinho concorda que é hora de refletir, mas seu discurso guarda aflição. “É preciso fazer alguma coisa. Uma fusão, uma refundação. Não dá para fazer vista grossa”, salienta. Ele observa que as mudanças a que o partido se impôs, trocando de nome e de modo de se relacionar com sociedade, não surtiram efeito. A severidade com que o DEM agiu em casos de corrupção – José Roberto Arruda e Demóstenes Torres – não se reverteu em votos.
Fonte: Diário de Pernambuco
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