sábado, 7 de abril de 2012

Páscoa, passagem, libertação...


Nesta semana celebra-se a páscoa, que significa passagem para os judeus e cristãos.

Para os judeus a pascoa é a comemoração da saída (libertação) do povo de Israel do julgo da escravidão religiosa econômica e social do poder Egípcio, onde a época aos dias de hoje celebra-se com uma refeição, sacrificando-se um cordeiro, que é assado o corpo inteiro, sendo servido com ervas amargas e pães ázimos não fermentados, onde o chefe da família relata a história da libertação da opressão do seu povo do cativeiro no Egito (Êxodo.12.18,19;13.03,10) e ( Levítico 2.11).

Já para os cristãos (católicos, protestantes, evangélicos) a celebração da páscoa se dá em razão de Deus ter enviado o seu filho Jesus Cristo para libertar a humanidade do pecado, ou seja, de todo tipo de opressão escravidão, seja religiosa, econômica, social, cultural e ambiental. Trazendo para a história através do mesmo por meio de suas pregações e atos na Jerusalém de seu tempo, o projeto do Reino de Deus, em substituição ao projeto dos poderosos religiosos, políticos e ricos da época e de hoje. Levando-o ao sacrifício (tortura física e psicológica espiritual) seguido de morte substutiva (crucificação), ou seja, morrendo em nosso lugar (humanidade) para nossa redenção, ou seja, libertação integral (espiritual e materialmente). Passando da morte para ressurreição, validando o projeto de Deus, da vida sob morte, para a vida eterna. Assim sendo, reafirmando-se, a páscoa cristã como o processo de passagem da morte para a vida a partir do cristo libertador.

Com o concílio de Nicéia em 325 d.C, patrocinado pelo imperador Constantino sendo conduzido pelo papa Silvestre I, onde infelizmente o cristianismo passa de religião libertadora e autônoma para religião oficial do Império, tornando-se portanto a partir dai aliada dos poderosos, com rara exceções, contrariando assim o projeto histórico e transcendental de Jesus Cristo, que foi, é, e será o de ruptura com o projeto imposto pelos poderosos deste mundo, com a adesão e conivência da maioria esmagadora dos comandados (povo oprimido).

Passando-se então a se celebrar a Páscoa a partir de Jerusalém e mundo a fora, a vida, morte e ressurreição de Cristo em três dias: Sexta da paixão e morte sábado de aleluia, dia consagrado ao luto de morte e o Domingo de Páscoa, como a festa da ressurreição, onde a vida vence a morte. Hoje se celebra esse momento histórico por sete dias, começando no domingo de ramos (entrada de cristo acompanhado de seus seguidores em Jerusalém); quinta, Santa Ceia com os seus doze apóstolos e sua mãe Maria; Sexta Santa, sábado de aleluia e domingo de Páscoa, conforme o calendário litúrgico católico.

Que neste momento mais importante da historia da vida da humanidade, possamos demarcar esforços para além da “páscoa” convencional, consumista e mercadológica do vinho, do coelhinho, do peixe, do chocolate, da religiosidade pontual e desligada do compromisso cristão para com as transformações de libertação histórica dentro de uma perspectiva de vida transcendental, a partir do modelo de vida do Cristo histórico e ressuscitado que diz: “eu vim para que todos tenham vida em abundancia e plenitude...“venha a nós o vosso reino (reino de Deus)”, ou seja, o reino que tem a sua construção a partir da história dentro de uma perspectiva de abolição de todo tipo de opressão, seja religiosa, econômica, social, cultural, ecológica ou psicológica, rumo à vida eterna.

Assim sendo devemosmos perguntar: nesta semana e nos demais dias do ano, se nossas atitudes estão sendo em favor da construção do projeto do Reino de Deus , ou do projeto de justiça e opressão dos poderosos.

Feliz Páscoa a todos!
Abraço fraterno! Carlos Lisboa

Nenhum comentário: