terça-feira, 18 de outubro de 2011

Fiscais localizam em Caruaru terceiro local com suposto lixo hospitalar


Uma extensa rede de revenda de lençóis sujos provenientes de hospitais norte-americanos está sendo desvendada. Depois das cidades de Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, foi descoberto um terceiro galpão onde o tecido oriundo de lixo hospitalar contrabandeado era preparado para a venda, desta vez na mais importante cidade do Agreste pernambucano, Caruaru. Às 17h20, munidos de um mandado de busca e apreensão, policiais e agentes da Apevisa entraram no Império de Forro de Pano, na Avenida Brasil, bairro Universitário. Na sexta e sábado, outros dois galpões da mesma empresa foram interditados.

Em Caruaru, a porta precisou ser arrombada. Lá dentro, cerca de 10 toneladas de tecido. Parte cortada para a venda, alguns lençóis inteiros embalados para a comercialização, entulhos e sacos com tecidos. Muitos com manchas similares a sangue. Batas inteiras e recortes de tecidos que lembram uniformes hospitalares também foram encontrados. O estabelecimento foi interditado e está sendo vigiado pela Polícia Militar. O local tem 450 m2 e pode permanecer fechado por até 90 dias. Placas afixadas no local mostram que lençóis inteiros, com ou sem elástico, eram vendidos a R$ 10. Mesmo preço do quilo de diferentes tipos de forros. Império do Forro de Pano é o nome fantasia da empresa Na Intimidade.

Os técnicos da Apevisa coletaram 15,9 quilos de amostras de tecidos com 10 diferentes nomes de instituições de saúde norte-americanas. O de pelo menos um deles, Angelica, também foi identificado nos dois contêineres interceptados pela Receita Federal, no Porto de Suape, semana passada. O material será enviado para o IC para análise. Os dois computadores e alguns documentos encontrados na sala administrativa foram recolhidos pela delegada Ana Elisa Sobreira, titular da 2ª Delegacia de Caruaru. Um inquérito foi aberto pela Polícia Civil e irá se somar à investigação que está sendo conduzida pela Polícia Federal.

Apesar das apreensões, a delegada desconfia que pode não encontrar informações relevantes, já que há indicativos de que documentos importantes foram retirados do galpão antes da chegada da polícia. O material que estava no galpão foi suficiente para configurar crime contra a saúde pública, previsto no artigo 278 do Código Penal.

Avisado por vizinhos, o dono do galpão, Jonas Thadeu de Figueirôa Júnior, 33, foi ao local. Ele disse que a construção foi concluída há três meses e que o local foi alugado logo em seguida. Jonas afirmou não recordar o nome da pessoa que o alugou, mas há informações de que teria sido Althair Teixeira de Moura. No livro de controle do estabelecimento consta que seis pessoas trabalham lá. A funcionária com o maior salário recebe R$ 800. Eles são as pessoas mais expostas a riscos de saúde.

Reunião - Também ontem, procuradores do Ministério Público Federal (MPF), representantes da Receita Federal, da Anvisa e da Apevisa articularam a atuação de cada órgão. Após a reunião, as autoridades decidiram manter sigilo sobre o que foi decidido.

O MPF requisitou à Polícia Federal a instauração de inquérito. A procuradora da República Carolina Furtado, responsável pelo caso, informou que somente após a coleta e análise das informações relativas ao fato é que o Ministério Público poderá definir as possíveis medidas a serem adotadas. A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Santa Cruz do Capibaribe também se reuniu ontem com representantes da prefeitura e Câmara Municipal. Eles criaram um comitê de combate à entrada de lixo hospitalar no município e suspenderam o alvará da empresa responsável pela importação do material. (Juliana Colares)
Do DIARIO DE PERNAMBUCO

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