sábado, 23 de julho de 2011

Em Recife - As quase memórias do ex-presidente Lula


O ex-presidente Lula disse ontem no Recife que um de seus projetos nesta fase fora do poder é a publicação de um livro não autoral (depoimentos de terceiros) sobre as realizações do seu governo. Personalidades erão convidadas para opinar sobre saúde, educação, meio-ambiente, ciência e tecnologia, política exterior, etc.. Isso já se faz com frequência em muitos países, especialmente da Europa, porque em livros de memórias, com raras exceções, nunca se conta o caso como o caso foi.
 
Ex-presidente de República é obrigado a manter silêncio sobre certos temas cujos documentos só poderão ser divulgados depois de 50 anos. Além disso, diz Lula, ninguém abre totalmente o jogo sobre sua vida pessoal. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nunca falou sobre o romance clandestino que manteve com a jornalista Miriam Dutra (ex TV Globo) e o ex-presidente Collor jamais deu detalhes sobre a relação que teve com Paulo César Farias, tesoureiro de sua campanha.
 
Então, conclui o ex-presidente, livros de memórias não são totalmente verdadeiros porque geralmente os seus autores não costumam contar tudo o que sabem. Daí ter feito opção por um livro de depoimentos em que a personagem central não será ele, e sim seus 8 anos de governo. O modelo seria um livro lançado no Chile em 2008 sobre o conturbado período de governo do ex-presidente Salvador Allende, intitulado “Presença na ausência”, com depoimentos de todos os seus ex-ministros.
 
Redator 1- Está tão bem escrito o discurso que Lula leu ontem no Santa Isabel (Teatro), ao receber o título de “doutor honoris causa” de três universidades públicas de Pernambuco, que os jornalistas que cobriam o evento entraram em disputa para descobrir quem foi o seu autor.
 
Redator 2 – O autor do discurso deve ser pernambucano porque fez uma bela exaltação à nossa história. Citou a Batalha dos Guararapes, a Guerra dos Mascates, a Confederação do Equador, Frei Caneca, Joaquim Nabuco, Barbosa Lima Sobrinho, Miguel Arraes e Pelópidas Silveira.
 
Teatro 1 - Ariano Suassuna foi bater palmas ontem para Lula na homenagem prestada a ele no Teatro de Santa Isabel. Retribuiu a homenagem que o ex-presidente lhe prestou em São Bernardo ao assistir com a mulher, Marisa, em maio passado, a uma de suas “aulas-espetáculo”. O ex-presidente descreveu Ariano como “o maior contador de ‘causos” da cena brasileira.
 
Teatro 2- Eduardo Campos contou a Lula que Ariano Suassuna e o Santa Isabel têm uma longa história de cumplicidade. Em 1948, aos 19 anos de idade, o autor de “O auto da compadecida” promoveu naquele Teatro o 1º Congresso Nordestino de Cantadores de Viola. A “elite” cultural da época protestou contra a cessão do espaço a poetas populares que mal sabiam ler e escrever.
 
A origem – Ao parabenizar Lula por ter levado um campus da UFRPE para Garanhuns, João da Costa citou três homens públicos que saíram do Agreste pernambucano para concluir os estudos na capital: ele próprio, o deputado Fernando Ferro e o reitor eleito da UFPE Anísio Brasileiro.
 
A presença – Integrante do Movimento de Cultura Popular (MCP) no 1º governo de Miguel Arraes (1963-1964) e duas vezes prefeito de Olinda, Germano Coelho fez questão de marcar presença nas duas homenagens prestadas a Lula no Recife: Teatro de Santa Isabel e Arcádia.
 
Agenda 40 – Já está atuando no PSB o único setor do partido que ainda não estava organizado: LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis). Os setores Jovem, da Mulher, Sindical, Popular e Negritude estão organizados há muito tempo e participando ativamente das campanhas do partido, que realizou ontem em Palmares o seu segundo congresso regional (“Agenda 40”).
 
O popular – João Paulo ainda é o nome mais forte da Frente Popular para concorrer no próximo ano à prefeitura do Recife. Ontem, ao sair da Arcádia de Boa Viagem para pegar o carro na Avenida, ele foi parado várias vezes por populares para tirar fotografia, dar autógrafos e dizer se vai ou não se candidatar.
 
O olhar – Lula não tem com o prefeito João da Costa (PT) a mesma intimidade que tem com o deputado João Paulo e o senador Humberto Costa. Por isso prestou bastante atenção ao discurso que ele fez em sua homenagem, no Santa Isabel, aplaudindo levemente com a cabeça a desenvoltura verbal do orador.

Coluna da Folha de Pernambuco do sábado
Inaldo Sampaio

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