segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Reflexão


A honestidade não tem preço

Vladimir tinha um companheiro de prisão chamado Andrey.

Ambos sabiam que daquele lugar poucos saíam com vida, pois o alimento que se dava aos prisioneiros políticos não tinha por objetivo mantê-los vivos por muito tempo.
 A taxa de mortalidade era extremamente alta, graças ao regime de fome e aos trabalhos forçados. E como é natural, os prisioneiros, em sua maioria, roubavam tudo quanto lhes caía nas mãos.
 Vladimir tinha, numa pequena caixa, alguns alimentos - coisas que sua mãe lhe havia mandado clandestinamente, de quase três mil quilômetros de distância.
 Guardava aqueles alimentos para quando a fome se tornasse insuportável. E como a caixa não tinha chave, ele a levava sempre consigo.
 Certo dia, Vladimir foi despachado para um trabalho temporário em outro campo. E porque não sabia o que fazer com a caixa, Andrey lhe disse: "Deixe-a comigo, que eu a guardo. Pode estar certo de que ficará a salvo comigo."

No dia seguinte à sua partida, uma tempestade de neve, que durou três dias, tornou intransitáveis todos os caminhos, impossibilitando o transporte de alimentos para prisão.
 Só dez dias depois os caminhos foram reabertos e Vladimir retornou ao campo.

Chegou à noite, quando todos já haviam voltado do trabalho, mas não viu Andrey entre os demais.

Dirigiu-se ao capataz e lhe perguntou:

"Onde está Andrey?"

"Enterrado numa cova enorme junto com outros tantos prisioneiros, que morreram de fome." - respondeu ele. "Mas antes de morrer pediu-me que guardasse isto para você."

Vladimir sentiu um forte aperto no coração.

Abriu a caixa e, dentro dela, ao lado dos alimentos intactos, encontrou um bilhete dizendo:
 "Prezado Vladimir. Escrevo enquanto ainda posso mexer a mão. Não sei se viverei até você voltar, porque estou horrivelmente debilitado. Se eu morrer, avise a minha mulher e meus filhos. Você sabe o endereço.

Deixo as suas coisas com o capataz. Espero que as receba intactas.

Andrey."

* * *

Você no lugar de Andrey, seria fiel e honesto até a morte ou comeria os alimentos da caixa?

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