2. José Serra é um debatedor mais experimentado e articulado. Sabe apresentar idéias. Com treinamento ou não, consegue improvisar intervenções no calor da hora. Venceu no conjunto da obra mas Dilma teve bons momentos no varejo.
3. Chamada a falar sobre Erenice Guerra, um assunto sempre ruim para sua candidatura, Dilma saiu-se melhor do que José Serra ao falar sobre Paulo Vieira de Souza, o antigo diretor da Dersa acusado de desviar recursos de campanha. Dilma também teve um bom momento ao falar sobre os professores e, para alegria de diversos assessores, que há muito insistiam para que tocasse no o assunto, aproveitou a discussão sobre drogas para lembrar a tragédia da Cracolandia, no centro de São Paulo. A referência é útil para Dilma, que mostra que o problema das drogas não se resume ao governo da Bolívia, mas ela não explicou o assunto para o país inteiro. Serra falou sobre verbas para os brasileiros com necessidades especiais, uma bandeira permanente de sua campanha. Ao contrário do que ocorreu em outros debates, desta vez Dilma tinha números favoráveis ao governo para apresentar.
4. Dilma tem dificuldades evidentes de articulação e discurso. Seu texto é confuso e mistura assuntos diferentes, às vezes na mesma frase. Isso confunde o raciocínio e dificulta a compreensão. As intervenções sobre a venda da multinacional Gás Brasiliana foram longas e complicadas. O discurso final, ensaiado e preparado com antecedência, foi fraco.
5. O debate mostrou que Dilma não tem uma linha política para crescer em São Paulo. Falta-lhe o equivalente ao ” Brasil pode mais” que Serra utiliza para tentar apresentar-se como oposição sem bater de frente com a popularidade de Lula. (Algumas pesquisas mostram que 33% dos eleitores de Serra consideram que Lula faz um governo bom e ótimo, num sinal de que ao menos para determinada plateia essa estratégia tem funcionado). Serra explorou as críticas de Dilma à administração tucana lembrando que o PT não pára de perder eleições no Estado. Dilma demorou para encontrar uma forma de falar sobre o assunto. Será preciso aguardar pela reação do eleitorado paulista para verificar se funcionou
Por: Paulo Moreira da Época
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