Para que serve uma Torcida organizada?
Na última quarta-feira fui com alguns amigos assistir o jogo Ypiranga x Central pela 10º rodada do Pernambucano 2010, e me surpreendi com o comportamento da Torcida “Fúria Jovem” nas arquibancadas do Otávio Limeira Alves. O jogo se desenrolava e nada da torcida Fúria Jovem apoiar o time em campo com cantos de incentivo, o que se ouvia era apenas uma troca de provocações com a torcida do Central. Os gritos eram do naipe de: “a fúria é uma parada/ dá porrada em qualquer um” ou “ta rolando agora o bonde dos maconheiros” ou ainda “a comando é gay/ é gay/ é gay”. Onde estavam os incentivos ao time que lutava dentro de campo? Não era a toa que a Fúria cantava sozinha pois nenhum torcedor dito “comum” se sentia motivado a fazer côro com uma torcida organizada que parecia esquecer do time em campo. O Ypiranga não perdeu por causa da Fúria Jovem, mas a única T.O. da cidade deu um péssimo exemplo .
Hoje foram os primeiros dias da volta às aulas depois do recesso de carnaval e partilhei uma cena grotesca em sala de aula numa turma de 6º ano do ensino fundamental. Quatro alunos de 11 e 12 anos conversavam sobre futebol e repetiam os gritos da organizada, durante a aula fui perguntado se conhecia a Fúria Jovem, ao que respondi que conhecia e não admirava. Daí iniciei uma discussão sobre as motivações das T.O. em incentivar a violência em seus gritos de guerra ao invés de trazer o povão para a vibração dos jogos. Escutei absurdos como: “quem provoca a gente tem mais é que apanhar mesmo” , “somos aliados da Inferno Coral, se eu ver alguém com a camisa da Jovem(do Sport) quero que ele tome umas porradas e que arranquem a camisa dele”, “se eles são violentos então temos que ser também”, “você não quer que apanhemos quietinhos não é?”. Isso entre outras pérolas.
Quero deixar claro que jamais ouvi falar de atos de violência praticados pela Fúria Jovem, mas seus gritos agressivos que incentivam o ódio das arquibancadas são um péssimo exemplo para a juventude, principalmente uma garotada extremamente influenciável como a que temos. Os quatro meninos falavam de violência entre torcidas como se fossem coisas banais e necessárias, sempre evocando valores como bravura, macheza, etc.
Não sou um alvi-azulino nato, meu time do coração é o Santa Cruz FC, mas sou o primeiro a reconhecer a importância do Ypiranga para nossa cidade. Mais do que divulgar nosso povo para o Brasil a máquina une uma cidade marcada por rivalidades sob uma única bandeira. Na arquibancada do limeirão não existem partidos, raças, religiões ou classes sociais. Mas a Fúria quer imitar as grandes T.O. da capital fazendo um incentivo verbal para atos violentos, sujando o nome do torcedor do Ypiranga e dando um péssimo exemplo para os nossos jovens. Não me admira que na maior parte dos jogos eles cantem sozinhos.
Sugiro para a Fúria Jovem que ela se torne uma torcida que mexa com a paixão do torcedor, incentive e emocione com gritos que falem da grandeza e importância do Ypiranga, aprendam até com a “aliada” Inferno Coral que, mesmo não sendo composta por anjinhos, só canta canções que exaltam o Santa Cruz, aboliram os gritos que exaltam a violência, e trazem o torcedor comum pra cantar junto e manter o clube vivo mesmo com essa interminável crise.
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