Em 2007, na gestão do então prefeito Tony Gel, Caruaru conseguia a maior vitória cultural dos últimos 30 anos. A entrega do título de Patrimônio Imaterial Brasileiro à Feira de Caruaru, com toda pompa e circunstância e as presenças do então ministro Gilberto Gil e do governador Eduardo Campos entre tantas outras ilustres, mostrou ao Brasil inteiro a importância daquele espaço que aglutina todas as forças do povo pernambucano, num ajuntamento de espelhos sociais que acumulam cultura, gastronomia, artesanato e economia popular.
Em 2008, conseguimos, também junto ao IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, recursos na ordem de quase meio milhão de reais na montagem de vários equipamentos na Casa de Cultura José Condé, localizada bem no meio da famosa feira. Diante do projeto de transformação de parte da Casa em Pontão de Cultura, onde se concentrariam várias produções culturais de audiovisual e estúdio de gravações musicais, havia a contrapartida de que reformas físicas teriam que ser realizadas. Em 2009, com a terceira gestão do prefeito José Queiroz, as obras foram anunciadas e um investimento de R$ 150 mil teria sido aplicado, quando de sua inauguração, na presença de artistas e formadores de opinião à época.
Pois bem. Ao visitar a Casa de Cultura na última semana, em especial o Pontão de Cultura, nos deparamos com o absurdo abandono do local, bem como a completa falta de estrutura para funcionamento do tão difícil Pontão de Cultura. As instalações completamente encharcadas de água da chuva, goteiras por todo lado, equipamentos sem uso, outros imprestáveis e o pior, os equipamentos de gravação e também a ilha de edição para audiovisual até hoje, incríveis cinco anos depois, nunca chegaram. Isso mesmo. Após cinco longos anos de aprovação do projeto Pontão de Cultura, a prefeitura de Caruaru nunca adquiriu o que o projeto previa, o que levanta dúvidas de onde foi aplicado o recurso liberado pelo IPHAN.
Não é de se estranhar o que este governo tem feito em relação à Cultura da nossa cidade. Incoerência, inconsistência, irresponsabilidade e incompetência se alternam no cuidado (?) que se tem destinado a todos os elementos culturais da nossa cidade. A falta de respeito com os artistas locais, a falta de investimento em novos projetos e a inexistência de apoio a projetos culturais de qualquer porte, marcam os cinco anos dos enganos prometidos. Dos seis teatros prometidos, nenhum sequer foi para o papel. Das monstruosidades criadas, o polo cultural da estação ferroviária e a destruição da Vila do Forró demonstram a completa falta de sintonia com as verdadeiras necessidades do mundo cultural. Até hoje, nenhum apoio substancial a projetos de teatro, dança, música, artesanato, nada. Some-se a isso uma desmontagem desastrosa dos principais elementos culturais do nosso São João.
Este governo(?) ainda tem três anos pela frente, mas depois de tanto tiro no pé, terá moral para reverter este curso? A resposta de hoje é um sonoro NÃO!
Ah! Ia esquecendo. Faz duas semanas que sequer tem energia elétrica no Pontão de Cultura. A chuva (acreditem!!!) “detonou” a rede elétrica recentemente instalada. Santa Incompetência.
Por Claudio Soares